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Ferris Bueller's Day Off
Ferris Bueller's Day Off
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Ferris Bueller's Day Off (Curtindo a Vida Adoidado (título no Brasil) ou O Rei dos Gazeteiros (título em Portugal)) é um filme norte-americano, do gênero comédia, dirigido por John Hughes, considerado "o mestre dos filmes adolescentes dos anos 1980". Sua estreia se deu a 11 de junho de 1986.

O filme, cuja história trata de um jovem que, para aproveitar a vida, finge estar doente para matar aula junto com sua namorada e o melhor amigo,[5] é visto pela crítica moderna como um clássico e um paradigma do cinema da década de 1980,notável por ser uma obra cinematográfica que o espectador não se cansa de rever – muito embora a maior parte das apreciações iniciais tenha sido negativa.

A interpretação de Matthew Broderick, escolhido pessoalmente por Hughes para o papel, e posteriormente indicado ao Globo de Ouro de 1987 na categoria de melhor ator em comédia / musical pelo seu trabalho, é atualmente aclamada por críticos, como o brasileiro Rubens Ewald Filho, que a têm como o melhor trabalho do ator.

Em 2006, a revista brasileira Veja, ao comentar o lançamento do DVD do filme, vinte anos após sua estreia, disse ser uma obra definitiva e insuperável no estilo, e que não envelheceu: todo o tempo festeja a alegria de viver, em cenas antológicas. Para Peter Reiher, as cenas de sala de aula justificam o preço do ingresso: fazem-no lembrar os tempos de escola, quando todos enfrentam aulas chatas e professores enfadonhos.

Enredo

Ferris: Como podem esperar que eu vá para a escola num dia como este? [SM=g27989]

John Hughes escreveu o roteiro em apenas dois dias, e contou com várias cenas de improviso dos atores.[15] O filme se desenrola da seguinte maneira:[16][17]

Toda a história do filme passa-se na cidade norte-americana de Chicago; era o dia 5 de junho de 1985.[14] Ferris Bueller é um jovem aluno do último ano do colegial e pretende faltar às aulas naquele dia de sol. Assim, finge estar doente, enganando os pais, mas não a irmã Jeanie (Jean/Shauna), que se revolta com o sucesso dos ardis do garoto.

Tão logo se vê sozinho em casa Ferris prepara seu quarto para simular sua presença, e convoca seu melhor amigo, o hipocondríaco Cameron Frye, a buscá-lo em casa. Enquanto isto o Diretor do colégio, Ed Rooney, telefona para a Srª Katie Bueller para comunicar a falta do filho. Ferris naquele ano, ao contrário de seu desejo de ganhar um carro, fora presenteado com um computador e, enquanto o Diretor vê em seu monitor (ecrã) as nove faltas do aluno, Ferris invade a máquina do colégio e as reduz para somente duas. A mãe confirma, entretanto, que o jovem estava realmente doente.

Junto a Cameron, consegue mais uma vez enganar o Diretor: desta vez através de um telefonema dizem que a avó de sua namorada, Sloane Peterson, havia falecido. Para irem buscá-la, entretanto, Ferris convence seu amigo a pegar a Ferrari do pai dele. O carro, dos anos 1960, foi restaurado e é a paixão do pai de Cameron, que revela ser preferida pelo pai mais que a esposa e ele próprio. Ante a resistência do amigo, pois o pai sabia de memória a quilometragem do automóvel, Ferris sugere que voltem para casa em marcha a ré o que, segundo ele, faria retroceder o marcador.

Assim, após se reunirem a Sloane, os três partem para o centro de Chicago, onde começa a série de aventuras. Guardando a Ferrari numa garagem pública, não percebem que dois garagistas decidem aproveitar a oportunidade para passearem em um carro tão especial. Dali, começam as aprontações de Ferris, que incluem fazer-se passar pelo "Rei da Salsicha de Chicago" e assim obterem uma mesa no exclusivo restaurante "Chez Quis", visita a museu (Art Institute of Chicago, onde Cameron parece se identificar com uma criança retratada por Georges-Pierre Seurat), ida ao Wrigley Field, estádio da equipe de beisebol Chicago Cubs, ao Sears Tower e até a participação numa parada alemã, em que Ferris faz toda a cidade dançar ao som de Twist and Shout dos Beatles.

Enquanto isto os alunos do colégio, acreditando que Ferris esteja verdadeiramente muito doente, iniciam uma campanha de arrecadação de fundos para comprarem-lhe um novo rim. Em várias partes da cidade, não apenas do colégio, a notícia da doença do jovem se espalha, bem como a campanha "Save Ferris" ("Salve Ferris"), que será lida em vários momentos do filme: numa imensa caixa d'água redonda, na porta do estádio de beisebol, no caderno de um aluno, etc.

Tudo isso faz com que sua irmã e o Diretor resolvam, cada um por si, desmascarar a farsa. O Diretor sai às ruas, tentando flagrar o gazeteiro em lugares frequentados por jovens e, fracassando, decide visitar o "doente" em sua casa. Ao tocar a campainha, uma gravação responde, como se Ferris estivesse em casa. Insistindo, Rooney percebe o truque e resolve invadir a residência, onde é atacado pelo cão de guarda. Quando a irmã vai para casa com o mesmo objetivo, entra pela porta de frente e, lá dentro, vê que Ferris tinha colocado um boneco sobre sua cama; tenta telefonar para a mãe no trabalho, mas não a encontra. Quando está falando, escuta ruídos na cozinha e, acreditando ser o irmão, desce para lá, dando de cara com o Diretor, que entrara pelos fundos. Shauna, com o susto, dá-lhe um golpe na cabeça e corre para seu quarto, ligando para a polícia para comunicar a invasão mas, lá embaixo, Rooney vê seu carro sendo rebocado e sai – de modo que, quando a polícia atende ao chamado, acaba por levar a garota à delegacia por passar trotes.

Os três amigos encerram as brincadeiras e voltam à garagem, justo no momento em que o carro deles chega do passeio. A quilometragem, que imaginaram ser reduzida, estava três vezes maior que a originalmente marcada. Cameron fica em estado de choque e assim permanece por um bom tempo, sendo colocado pelo casal amigo numa cadeira junto à piscina de sua casa, enquanto os outros dois se banham, imaginando como farão para solucionar o problema.

Na delegacia, Jean Bueller conhece um jovem delinquente (vivido por Charlie Sheen) e acabam se beijando. Os três amigos resolvem colocar o carro em marcha a ré, erguido pelo macaco, na garagem da casa. Cameron decide enfrentar o pai pela primeira vez na vida, ao perceberem que tal estratégia não dava resultado algum e o marcador permanecia parado. Chutando o carro, este se solta do macaco e cai na alta ribanceira dos fundos da casa, ficando totalmente destruído.

Ferris tem de voltar para casa correndo a fim de chegar antes de seus pais. Tem início uma disputa entre ele, sua irmã, seu pai e o diretor – com o desfecho que leva a concluir, mais uma vez, que o momento deve ser aproveitado, pois se é jovem apenas uma vez na vida.

Enquanto os créditos do filme rolam na tela é mostrado o diretor, Sr. Rooney, andando esfarrapado após, sem sucesso, tentar alcançar o guincho que rebocara seu automóvel. O ônibus escolar de seu colégio então pára, e ele aceita a carona. Quando os créditos terminam, Ferris aparece como se estivesse saindo do banho, enrolado numa toalha e fala à plateia: "Vocês ainda estão aí? Já acabou! Vão para casa! Vão!"[

Análise do enredo

"Uma simples descrição do enredo não faz justiça a este filme, como nenhuma descrição sumária de enredo não faz justiça a uma boa comédia (...) não se esqueça de ficar até o final dos créditos."
– Peter Reiher


O cineasta Scott Murray, co-editor de Senses of Cinema, fez uma análise da história tomando por base o depoimento de seu diretor/roteirista, John Hughes, gravado dezesseis anos após o lançamento do filme.

Murray inicia sua apreciação pela cena da piscina, quando Ferris está irritado por Cameron haver simulado seu afogamento; Hughes revela, no DVD, que "[Ferris está] verdadeiramente irritado aqui. Ele realmente não gosta de ser enganado. Ferris não é realmente um cara legal. Ele é um cara interessante, ele é uma pessoa interessante. Ele não é, necessariamente, virtuoso."[nota 4] Para Murray, o autor narra uma cena diversa daquela que o espectador assiste, pois a irritação de Ferris se dá por brincadeira, porque Cameron o deixou preocupado. Rebate, ainda, a afirmação de Ferris não ser um cara agradável – que o diretor afirma, segundo ele, sem qualquer fundamentação: Ferris é atrevido, travesso e arrogante, como James Bond, mas o que ele faz é "chamar para si" (a direção de seu destino) – algo que todos, inclusive Cameron, devem fazer – o que "salva" o amigo de sua vida passiva: sendo, portanto, bastante virtuoso.

Outra passagem em que o diretor diverge do analista é aquela onde Cameron telefona ao diretor Rooney e comete um erro ao exigir sua presença no local do encontro junto a Sloane. Hughes informa que então, para "pagar pelo erro", Cameron se vê forçado a emprestar a Ferrari do pai. Murray observa que o próprio roteirista sugere um total improviso de Ferris em propor justo aquele carro, como punição a Cameron; mas o enredo, segundo Murray, deixa passar a ideia oposta, a de que Ferris todo o tempo planejava usar exatamente a Ferrari, e apenas se aproveitou do erro do amigo: tanto isto seria verdade que o pai de Cameron possuía diversos carros que poderiam servir como veículo do "pai de Sloane" – mas a escolha recai justamente naquele que nunca saía da garagem.

Todo o enredo demonstra que Ferris preparou calculadamente cada passo daquele dia, a fim de dar algo realmente inesquecível ao amigo Cameron, capaz de fazê-lo recordar por anos. Como prova disto Murray indica a cena da parada, em que Ferris surge no carro ao lado das mulheres em roupas típicas – e as seis que ali estão não estranham a sua presença: Ferris já vinha ensaiando no chuveiro a música Danke Schoen, tudo já estava previamente concertado.

Murray conclui que Hughes parece não ter plena consciência do brilhantismo e complexidade de sua própria história; tanto que não justifica porque o "Rei da Salsicha de Chicago" não aparece para o almoço no "Chez Quis".

Roz Kaveney, autor LGBT, é de opinião que o enredo deixa de modo subliminar que Cameron gosta de Ferris, mas que este sempre se esquiva, tal como na cena em que este retorna da aparente catatonia e declara que o amigo é o seu herói. Para ele, ainda, a cena da parada é apoteótica, e nela Ferris torna-se Dioniso por alguns minutos. Conclui que a contribuição do filme para o gênero adolescente é a lição de que é possível ser legal e popular sem ser rico ou um ídolo dos esportes.

Larry Granillo, analisando a partida de beisebol assistida por Ferris e seus amigos, constatou que a partida, que iniciara às 13:25 h, teve a cena quando o rapaz conseguiu apanhar a bola rebatida após as 16 h. Segundo suas contas, para que ele dali fosse ao Instituto de Artes, ao Lago Michigan, à Sears Towers, à casa de Sloan e ainda executar dois números musicais no lendário desfile, teve um tempo de 1:45 h para estar em casa às 17:55 h - algo difícil, mesmo que não tivesse encontrado qualquer tráfego.

Elenco

O núcleo principal do filme foi composto por seis personagens, enquanto o de apoio teve como destacados, oito

Ferris Bueller, interpretado por Matthew Broderick, segundo Laura Schellhardt, é o modelo do personagem mentiroso: "Ferris é um perito na mentira. Ele finge estar com febre; ele representa ser o pai de sua namorada; ele mente aos amigos, parentes e autoridades, tudo para evitar ter de ir para a escola." Janet Staiger define o personagem como arquétipo do rapaz estadunidense, um herdeiro de Tom Sawyer misto com Andy Hardy, sendo charmoso e carismático.

Alan Ruck interpreta Cameron Frye, o melhor amigo de Ferris, que é rico, infeliz e impopular, e ainda medroso, hipocondríaco, desajeitado e com problemas de relacionamento com o pai.
Jeffrey Jones, numa performance "deliciosamente cômica" interpreta o diretor da escola, Ed Rooney, um homem que tem horror a Ferris e busca um pretexto para dele se livrar.

Jennifer Grey faz Jeanie Bueller, a irmã ranzinza e ciumenta, obcecada em apanhar Ferris na sua escapada. Para a pesquisadora Janet Staiger, entretanto, a garota descobre que não possui as mesmas armas do irmão mais novo: enquanto ele consegue safar-se, ela é detida; mas ao final o filme sugere que sua capitulação aos garotos, seja ao seu irmão, seja à "imitação de James Dean da delegacia", é a porta para sua felicidade.Jeanie se distancia de Ferris porque ele faz coisas que ela jamais ousaria fazer.
Mia Sara interpreta Sloane Peterson, a linda namorada britânica que acompanha Ferris.
Edie McClurg interpreta Grace, a intrometida secretária de Rooney. Apesar de estar em plenos anos 80, ela mantinha um visual da década de 1960, com um cabelo alto com bastante laquê, onde esta enfiava vários lápis.

Personagens menores
Cindy Pickett interpreta a mãe de Ferris, Katie Bueller;
Lyman Ward interpreta Tom Bueller, o pai; ele e Cindy Pickett se casaram após as filmagens.
Ben Stein interpreta o monótono professor de economia da escola;
Del Close interpreta Sr. Knowing, o professor de inglês;
Virginia Capers interpreta a enfermeira Florence Sparrow;
Richard Edson interpreta o atendente da garagem, que sai com o carro do pai de Cameron, o deixando em choque ao ver a quilometragem alterada;
Kristy Swanson interpreta Simone Adamley, uma das alunas de economia;
Charlie Sheen interpreta o delinquente na delegacia de polícia. Possui uma aparição pequena mas agradável, em que demonstra seu carisma natural, segundo Pete Reiher. David Neidorf estava escalado para o papel, mas fora convidado para o elenco de Hoosiers, sendo substituído por Sheen. Este foi um dos primeiros papéis dele, no cinema e, para dar a impressão de estar drogado, consta que ficou mais de 48h sem dormir.[29]
Jonathan Smocky interpreta o arrogante maitre do restaurante Chez Quiz.

FONTE: pt.wikipedia.org/wiki/Ferris_Bueller%27s_Day_Off